Como é bonito o vale que abriga o primeiro templo do futebol que pisei. Décadas depois continua sendo o meu preferido: Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, mais conhecido pelo nome do bairro em que foi erguido, Pacaembu.

Levada por meu pai em sua fase de boleiro em bravas disputas de peladas, fui a muitos campos de várzea. Mas entrar em um estádio mesmo só ocorreu quando já morávamos em São Paulo. Fui ao Pacaembu aos nove anos de idade quando vi, pela primeira vez ao vivo, a Esquadra Alviverde em campo. O Palmeiras era o de Ademir da Guia, Luís Pereira, Leivinha, Leão e César, entre outros craques que marcaram época e os corações de palestrinos de muitas gerações.

O destino quis – e eu rubriquei – que o estádio se tornasse parte do “quintal de casa”. Pese os projetos megalomaníacos, o Pacaembu ainda é dos lugares que mais frequento para as atividades físicas. Mas neste (p)reparo do corpo, a alma não desgruda e carrega com ela os sentimentos e por quem eles se desdobram.

Quando entro no estádio quase sempre o meu olhar se dirige a um ponto na arquibancada, em que a convicção tendenciosa do afeto me faz acreditar que foi ali que vi o meu time vencer. É naquele exato lugar que ainda sou aquela menina. É na mesma mirada que também sinto a presença do “babbo” mais querido e cúmplice que pode haver existido. Mesmo sendo de dia, acredito que os refletores se acendem e o sistema de som do estádio passa a transmitir suas “canzonettas” napolitanas prediletas.

É por isso que nesta crônica sonora não poderia faltar trecho do clássico de 1951 “Malafemmena”, de autoria do cantor e comediante italiano Totò, aqui na voz de Roberto Murolo.  Tampouco poderiam se ausentar os “ragazzi” do grupo Neri per Caso com a música “Quando”, nem o instrumentista Toninho Horta a lado do cantor napolitano Stefano Silvestri interpretando “Nun e’ peccato”, faixa do disco “No Horizonte de Napoli”.  Músicas antigas e novas que falam de nostalgia e de amor. Coube ainda o lado “brasiliano” com “Aldeia Guarani”, dos instrumentistas André Rocha e Vagner Nazareth que integra o disco Miragens. Coube espaço ainda para o hino sendo interpretado no estádio pela torcida  que mais canta e vibra.

A crônica conta também com a fala de Silvana Occhialini que consta na abertura da primeira faixa do disco “Na Luz das 7 Cores”, com quem eu inicio rotineiramente minhas mentalizações.

A base sonora da peça “Babbo Pacaembu” é o resultado editado de gravação realizada durante uma caminhada de 50 minutos no complexo esportivo do Pacaembu.

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