Depois de ir a campo e gravar, é preciso voltar a algumas reflexões fundamentais antes de partir para edição e montagem da sua peça.

Como se produzem as historias?
Como se escreve o que vai ser ouvido?

1) O QUE quero falar?
É a essência da sua peça. Sua FOME.
Sua intenção fundamental, que pode ser objetiva ou subjetiva.

2) COMO quero falar?
Conteúdo informativo, poético, documental, fictício, misturado… Isso vai definir o formato e linguagem da sua peça. Se desafie a criar algo que surpreenda, que vá além do que se mostra sempre, além de estereótipos… e que provoque reflexão.
Não está muito claro? Volte à sua intenção, ela deve estar presente a todo momento! Não sabe definir mas tem um caminho que quer experimentar? Ponha no papel as respostas ou palavras-chave e siga em frente. O guia deve ser somente um guia e não uma verdade absoluta a ser seguida.

3)Que ELEMENTOS quero usar?
Voz humana, conteúdo/texto (fruto de sua pesquisa), paisagem sonora, música, efeitos sonoros, silêncio…

E daí seguir em frente na transformação do seu guia de gravação em guia de montagem / roteiro.

2a) Existe um CONTEXTO pré-determinado no qual minha peça se insere? (e que define o formato?)
Rádio-drama/ Rádio-arte / Rádio ao vivo / Podcast / Audio-documentário / Série / Pílula / Boletim / etc.

3) Com QUEM quero falar?
Público em geral (uso de linguagem mais simples e direta)
x
público de nicho (expressões específicas)

4) QUANDO e COMO essas pessoas vão ouvir minha peça?
As possibilidades são inúmeras:
– com fone de ouvido, direto do computador, em caixas de som;
-de fundo enquanto trabalham;
– de forma linear, sem se preocupar com o que vem na sequência;
– com total atenção/fidelidade, fundamental pra continuidade da história (séries).

Sua peça é um meio extraordinário para transportar o ouvinte através do tempo e espaço.  Pode leva-lo a um avião, a uma final de futebol num estádio ou pra dentro da cabeça de alguém. Tudo isso em segundos.

O público precisa ser sempre levado em consideração. Estamos dialogando, afinal de contas. E o ouvinte precisa ser atraído pra sua peça, sua atenção precisa ser mantida – tudo isso usando somente o som.

É fundamental lembrar que não é possível mostrar coisas no áudio – tudo deve passado através de sons e palavras. Parece óbvio, mas é algo que exige bastante atenção na hora de produzir sua peça.
Você precisa investir tempo como ouvinte de sua própria produção para chegar à afinação ideal.

DICAS GERAIS para escrever o texto

Atrair e manter a atenção do ouvinte: escrever com frases curtas e em ordem direta (sujeito, verbo e complemento); evitar distrações como rimas (palavras repetidas com o mesmo prefixo (sílabas iniciais) ou o mesmo sufixo (sílabas finais) ou cacofonias (quando juntamos duas palavras que formam uma terceira) e a repetição de palavras na mesma frase ou na frase seguinte

Criar um bom ritmo: a pontuação é sua melhor amiga pra isso!
Vírgula e o ponto final são criam pequenas pausas para variação na entonação e rápida renovação do ar.
Pontos de interrogação e exclamação mudam a entonação que deve ser dada à frase. Dica: pra evitar uma surpresa com ponto de interrogação, você pode incluir o sinal entre parenteses no início da frase

=> IMPORTANTE: a única forma de sentir o texto e realizar esses ajustes fundamentais é fazendo a leitura do texto em voz alta! Dedique tempo a isso!

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